Quando criança e morava numa cidadezinha do interior, eu queria ser pastor. Como sempre fui muito participativo das atividades na igreja e sempre falei muito bem, minha família achava isso super legal. Analisando hoje, eu vejo que minha vontade não era ser pastor, era estar em cima de um palco. Na minha visão infantil e, oi?, pura, o púlpito da igreja era o mais próximo que eu poderia chegar de um palco, de me sentir rockstar. Contava os minutos pra chegar a hora de subir lá com o coral e dar meu show. Contava os dias pra chegar logo o dia da apresentação anual do grupo de teatro. Fazia apresentações com bonecos para as crianças mais novas. Todo mundo via isso como "um dom". Não posso dizer que não é. Seria hipócrita se dissesse que não tenho "espírito de artista". Um ex-gerente meu dizia que eu não nasci pra balcão, nasci pra palco. Devo concordar. Nasci mesmo.
Meu negócio é um palco, é estar nos holofotes, é participar de uma exposição e dar entrevista, ver meu nome estampado embaixo de uma obra minha. Pegar o catálogo de um evento internacional e mostrar meu nome lá (tô fazendo isso há umas duas semanas, meus amigos sabem disso). Gosto de aparecer, gosto de ser reconhecido. Adoro dizer "que isso, eu nem desenho tão bem assim" ou "pára, bicha, minha voz é pouca". Mentira pura. Modéstia faz parte do negócio. Se eu disser "oi? Eu sei que desenho bem e minha voz dá pro gasto", ninguém vai me dar moral, prq, no fundo ninguém gosta de gente que se acha. Mas eu adoro ser esnobe. Fazer "carão" e passar direto.
Esse post é fruto do meu último surto criativo (que eu tô torcendo pra não passar). Tô artista de novo, e eu gosto muito de me sentir assim. Não tenho, teoricamente, feito nada da vida, e o pouco que faço está ligado à minha arte. Compondo um monte de coisas, desenhando outro tanto. Melissa indo pra frente, então toda semana é uma correria pras páginas ficarem prontas (e olha que é só cor por enquanto, daqui a pouco eu volto a desenhar e aí o bicho pega). Só tô esperando a Ana resolver os problemas do computador dela pra gente começar a compor nossas músicas e sei lá, cair na vida. Volto em breve a dar aulas de desenho, coisa que eu adoro fazer, e que vai me render uma graninha no fim do mês.
Nunca estive tão pobre, então minha vida meio que vira do avesso e eu fico absolutamente depressivo (num sentido bem literal). A falta de uma grana fixa é uma questão muito complicada pra mim, mas não cabe explicar isso. Não aqui. Por outro lado, nunca estive tão feliz. Eu me sinto tão bem fazendo o que eu gosto, e aí eu fico me perguntando prq afinal de contas eu não dou um jeito de viver disso?
As vezes, só as vezes, no meio do breu a gente enxerga lá no fim, um pontinho de luz que dá força pra correr até o final. E eu juro que eu tento correr.
quinta-feira, 6 de novembro de 2008
.artista
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4 comentários:
não sou do tipo que gosta de esta no front, os bastidores do espetáculo é bem mais fascinante.
mas quero muito escutar as canções.
beijos
sabe que eu, por mais sem-vergonha que seja, sou fã dos bastidores. estár por traz do grande espetáculo...
eu adoraria produzir você!rsrsrs
te love! beijo!
ps: nem visita meu blog né seu viado!
Também sonho um dia ganhar dinheiro fazendo uma coisa que eu goste. Até hoje sempre me pareceu que diversão é tabu no trabalho. Não sei mesmo onde estava com a cabeça quando resolvi ser adEvogada... Nem estagiários respeitam a Dra. que se diverte. Saco.
Torço por você! Que seu talento se torne lucrativo! O mundo precisa de mais arte (e menos chatice)!
esse negocio de palco nao eh pra mim nao.
ja tentei cair na musica eletronica e nao deu, quem sabe formo uma dupla com um amigo um dia, mas eu sou preguicoso pra isso.
a unica vez que me reconheceram na rua foi porque minha foto 3x4 tava no mostruario da loja de fotos daqui do bairro haha
fora isso, nao rola, nao gosto.
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