terça-feira, 1 de novembro de 2011

.vinil verde

A gente se mata aos poucos. A gente dá carinho, dá amor, presta atenção, faz cafuné, toma café junto, assiste ao noticiário comendo biscoito, afaga os cabelos. Mas a gente se mata. Um pouquinho, todo dia.

Sem perceber (pior, as vezes percebendo), a gente vai despedaçando quem a gente gosta. Pequenas atitudes, do dia a dia, machucam o outro de forma irremediável, mas seguimos em frente.

E isso é natural do ser humano, a gente se despedaça. E talvez ache, lá no inconsciente, que, como estamos despedaçados, o outro também mereca perder uma parte de si.

Fazemos isso, principalmente, com aqueles que amamos. Consumir pornografia na internet é uma delécia, mas o que seu namorado realmente pensa sobre isso? Mentir pra mãe, quem nunca? Acessar o perfil do ex pra ver como ele está. Atrasar pra um compromisso com seu amigo. Não prestar atenção no que o outro fala. Prometer e não cumprir.

E é complicado, prq a gente sabe que isso vai afetar quem a gente gosta, de uma maneira ou de outra, mas continua fazendo. Todos os dias.

E tem o pior, que é a nossa propria consciencia, essa safada. Prq a gente, enquanto esta lá, fazendo o "errado", se pergunta o que o outro vai sentir. Mas daí a gente pensa: "Ele nunca vai saber", e continua.

O outro sempre sabe. O outro sempre sente, sempre percebe.

E a gente também percebe, prq quando encontramos com a pessoa, sentimos que há algo estranho mas nunca pensamos que o que tá faltando ali é a parte que você tirou enquanto fazia "aquilo".

A gente vai despedacando o outro e o outro vai despedacando a gente. Só não vale reclamar quando as luvas verdes chegarem.

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