segunda-feira, 16 de junho de 2008

Eu poderia me abrir.

Eu poderia desabafar. Poderia dizer o quanto os últimos dias têm sido difíceis. Poderia dizer o quanto eu tenho chorado, ou comentar que as últimas noites têm sido em claro.
Sim, eu poderia descrever todos os sentimentos que passam por mim a cada palavra que ela fala pra mim. Eu poderia, inclusive, dizer o quanto é mortífero o meu relacionamento com ela, e o quão desgastado eu estou com tantas brigas.

Também poderia dizer que a vida anda meio sem sentido, meio sem graça, e confessar que tenho fingido dormir a tarde toda pra não me envolver em mais conversas que não levarão a lugar algum. Poderia contar todos os detalhes de todas as discussões diárias que acontecem em casa, e dizer que no final delas, tanto eu quanto minha mãe saímos completamente desgastados e choramos cada um no seu canto pro outro não ver.

Eu poderia assumir que, no fundo, gosto dela e até acredito que ela goste de mim, mas que não aprendi a dizer isso e que talvez não tenha aprendido nem a sentir isso direito. Eu poderia dizer que não me lembro da última vez que eu abracei minha mãe, ou da última vez que a gente conversou sem brigar.
Eu poderia dizer que às vezes vivo em função das vontades de outras pessoas, quando na verdade eu o que eu queria mesmo é completamente diferente do que faço. Poderia contar aqui o quanto eu sou frustrado comigo mesmo por todas as oportunidades desperdiçadas e tantos sonhos deixados de lado ao longo do caminho.

Eu poderia.

Mas, se eu fizesse isso, se eu me abrisse pra você, eu desmoronaria.
Então, nesse caso, apenas saia, vá pra casa e esqueça de tudo o que eu poderia ter te falado, e não cogite respostas ou consolos. Afinal, eu não disse nada..

7 comentários:

Oksana disse...

Honey, minha melhor amiga sempre diz que é horrível ver alguém que a gente gosta numa situação ruim, porque quando vc tá na merda, ninguém consegue te tirar de lá. É só vc que consegue (ou não) dar um jeito de sair. Fico torcendo pra vc resolver suas coisas e achar o seu jeito de ser feliz...
Tem uma música que eu adoro, o refrão toca num comercial da Coca muuuuito legal. A letra diz assim: "We could've been anything that we wanted to be... And it's not too late to change". ;)
Beijo

André Martins disse...

Não sei o que aconteceu para que vocês mantivessem uma relação tão distante. Enquanto é tempo.. ame-a. Independente do que tenha acontecido, exponha seus sentimentos para com ela, diga o que você tem escondido - por quais razões sejam. Quando confidenciamos nossos medos, sentimentos com o papel, blog.. permanecemos com eles(as) e carregar esse "fardo" torna-se tafera mais e mais difícil na medida em que o tempo passa e nossas feridas não cicatrizam. Pode ser por medo, orgulho, vergonha... mas tente transpor isso e converse com ela. Tenho certeza de que fará bem não só para você, mas também para a sua mãe.
Não falo tudo isso de boca pra fora, pois quando as coisas não estão legais na minha relação com mãe ou pai.. ajo dessa forma. É uma dica. Pode ser que seja útil.

Força!
Abraço

Guilherme disse...

puxa, que triste. Acho que palavras de consolo de um desconhecido não servem de nada. Mas concordo com o André. Acho que quando nos fazemos sinceros, construimos uma relação ainda melhor com quem quer que seja. Não sei os motivos que os levaram a isso, de qualquer forma, mostre que a ama, que as escolhas que tomam nada tem a ver com o amor que sentem um pelo outro, que sente falta do carinho dela...

bom rapaz, quando a seu comentário, achei-o divertidíssimo hehehehe. que bom que gostou do texto, mas ó, se for copiar põe os créditos viu seu doutor?! =P a propósito, não sou "cientista social" não, sou estudante de Serviço Social, pra ser assistente social XD

=**

Isabela disse...

Ai... a gente passa uma noite inteira bebendo e desabafando e o que você me fala dessas coisas é quase nada. Ai Laranja, você anda muito mau (mau com U mesmo), tá parecendo aquela pessoa sobre quem a gente tanto falou. Não seja o mau da história, demonstre-se! Meu novo menino, a mãe dele morreu, quando ele tinha 15 pra 16 anos, eu tenho que te falar tudo o que ele me falou, eu vou te falar, não por comentário no blog, é óvulo, mas eu te falo qualquer dia.
Beijos!

Jéfi disse...

só sei de uma coisa: tempo é coisa que não existe, que a gente constrói. e as relações com qualquer pessoa que seja são da mesma forma. então meu caro moço cor de laranja, se construa, reivente-se. por experiência própria, quando ainda era seu vizinho aí, eu e meu pai vivíamos dessa mesma guerra, destrutiva e inconstrutiva, até que num dia, numa das brigas mais humilhantes, eu simplesmente parei, olhei pra ele calado e dei-lhe um abraço que nem lembrava como era. ele ficou sem ação, desarmado. tem hora que a gente percebe que as guerras não param com mais guerras, as pessoas não mudam e não abrem mão de suas verdades. no fim das contas é questão de tolerância e abraços. mas abraços mesmo. tenta.. custa nada. =]
beijão

Stela. disse...

eu escolhi sair de casa.

mas, quer saber? não resolve praticamente nada.

Damy disse...

E eu poderia dizer que fiquei assustada. Você conseguiu transcrever tudo aquilo que eu sinto,mas que por algum motivo não consigo expressar em palavras.
Ficou tão bom que se encaixa tanto pra relacionamentos com a família,quanto para todos os outros.
Que fiquemos bem,então!
saudades. :*